segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A Luta dos Catadores de Lixo do Jangurussu Cordel de Marcos Bandeira




Eu disse que avisava
E todos são sabedores
Lhes trago mais uma história
De homens trabalhadores
 Vou falar neste cordel
Da luta dos Catadores

Primeiro eu vou falar
Me acompanhe caro leitor
Do trabalho e do esforço
E demonstrar o valor
Desses homens e mulheres
Que se chamam catador

Trabalham de sol a sol
“Ao pino do meio dia”
Sem ter lanche, sem ter nada
E pouquíssima quantia
Eles quase não tem força
Quase não tem alegria

Não tem plano de saúde
Ferramentas nem pensar
A maioria não sabe
O seu nome assinar
E pra aumentar o problema
 O salário que não há

E muitos outros problemas
Que estão noutros setores
Enfrentados com coragem
Com arnor e sem temores
Estas são algumas lutas
Aos chamados catadores

Outro problema difícil
Que esta noutro setor
Como exemplo a presidência
Do chamado fraudador
Das falsas cooperativas
Criadas pelo opressor

A idade não ajuda
Alguns não aguentam mais
Continuar nessa vida
Que eu não quero jamais
E outros são muito jovens
Mas acompanham seus pais

Eles não são respeitados
Como todo cidadão
Pois são discriminados
E taxados de ladrão
Não tem atendimento
Ou médico de prontidão

Mas vou destacar aqui
As grandes atuações
Dos movimentos sérios
E das associações
Da participação da igreja
E das mobilizações

Os carroceiros também
Não tem boa condição
De trabalho, de saúde
Ou mesmo de prevenção
De doenças, de dinheiro
E de alimentação

Eles só querem respeito
E são muito sofredores
Não descansam um só minuto
Mais são empreendedores
De muitas lutas e sonhos
E se chamam catadores

Eles catam amor
E sua cidadania
Catam a dignidade
De trabalhar noite ou dia
E catam também esperança
E catam sua alegria

Eles tem expressão forte
Mas o rosto é cansado
A pele é meio escura
É devido ao sol pegado
Os olhos são meio triste
Semblante desfigurado

Mas agora eu vou narrar
O mais triste sofrimento
Que enfrenta o catador
Fiquem por demais atentos
O poeta fala sobre
A fome sem alimento

Tirar a comida do lixo
Bolacha, carne ou pão
Batata, cenoura, bife
Um pouco de macarrão
O catador procura e chora
Com uma dor no coração

Essa triste realidade
Digo sem medo de errar
É o maior sofrimento
É o seu maior penar
Comer o resto dos restos
Sem dinheiro pra comprar

Eu preciso confessar
Para você meu amigo
Eu não conheço muitos
Mas uma coisa Ihe digo
É grande o amor à vida
Que o catador tráz consigo

E falando em amor à vida
E melhores condições
Vamos vencer os maiores
Com as manifestações
Com a igreja, sindicatos
E as associações
Esses:grandes movimentos

A igreja que é sagrada
Eu nao posso me esquecer
Ela faz muita zoada
E as associações
Enfrentam qualquer parada

Sem esquecer uma letra
Eu Ihe digo com certeza
A união faz a força
E a força é a fortaleza
Só vamos vencer os grandes
Com a união da pobreza

Eu falei de tudo isso
Por causa de um aterro
Chamado Jangurussu
Pois ele metia medo
Chamavam a rampa do lixo
O lugar do desespero

Aí o governo do estado
“Inventou” um tratamento
Para ser dado ao lixo
E a partir desse momento
Os catadores perderam
Sua fonte de alimento

Mil e quinhentas pessoas
Lutavam para viver
É impossível narrar
Ou simplesmente dizer
As condições de trabalho
Prá eles sobreviver

O desespero era grande
No aterro impiedoso
Você parar ali
Tinha que ser corajoso
Aguentar o mau cheiro
Pois o lixo é precioso

O Sofrimento do povo
Eu não sei se vou narrar
Mas eu sei que sem trabalho
Ou dinheiro prá ganhar
Os catadores não podem
Nessa vida continuar

Mas o catador valente
Corajoso, destemido
Com uma fé fervorosa
Eles não serão vencidos
Pelo poder do dinheiro
Pois nosso Deus está vivo

Estes são os catadores
Eles tem honestidade
O seu cotração é puro
Eles tem dignidade
Ainda vivem do lixo
É sua infelicidade

Meu nome Marcos Bandeira
Meu estado é o Ceará
Conjunto Palmeira o bairro
Sou um artista popular
Eu não sou um catador
Mas com eles eu estou
Pra luta continuar

Vamos juntos companheiros
Lutar com a opressão
Combater os poderosos
Que se julgam cidadão
Na luta com opressores
Devemos ser catadores
A vitória é o.coração

Concluindo meu cordel
Pois este foi o segundo
Francisco do Jangurussu
Seu Assis e seu Raimundo
Dinha e também Bonfim,
Meu cordel checgou ao fim
São catadores do mundo

REALIZAÇÃO

Sociedade Comunitária de Habitação Popular do Bairro Jangurussu
Contatos: (85) 3482.7204
Associação Comunitária
Dom Aluisio Lorscheider
Contatos: (85) 3291.7252


Cordel  Publicado no Livro de Geografia do Projeto Pitanguá-Editora Moderna- 3° e 4° Ano do Ensino Fundamental 1- Páginas 48 e 49.

Nenhum comentário:

Postar um comentário